A importância de fazer o reset de óleo do motor após a substituição para evitar DTC’s de baixa viscosidade de óleo e luz de avarias acesa no painel.
AUTOR: Renato França – Inovar Treinamentos e soluções automotivas
CHAMADA DE CAPA
EDIÇÃO:
TIPO DE DIFICULDADE: (X) BÁSICA ( ) INTERMEDIARIA ( )AVANÇADA
MATERIA:
Com a redução do teor de enxofre no óleo diesel de 500 ppm (partes por milhão) para 10 ppm (diesel S10) e com a adição de um procedimento de regeneração do filtro DPF a partir dos motores diesel Proconve L6 / Euro 5 aplicados em veículos diesel leves e continuado nos motores Proconve L7 / Euro 6, a especificação do óleo passa a ter um papel fundamental para que sua vida útil não seja comprometida por esta função de regeneração e consequente degradação do óleo do motor.
É sempre importante respeitar as recomendações e especificações do fabricante quanto ao tipo de óleo a ser utilizado nos motores diesel Proconve L6 / L7 – Euro 5 / 6 para garantir uma boa durabilidade do motor e do sistema de pós-tratamento, evitando problemas como baixa viscosidade do óleo e excesso de vapores de óleo no respiro do motor (blow-by) o que pode ocasionar entupimento e carbonização dos coletores de admissão, válvula EGR, borboletas de admissão (TVA) e filtro DPF.
Muito dos lubrificantes para motores diesel mais modernos com sistema de pós-tratamento com DPF e agora no Euro 6 também com catalisadores SCR e Arla 32, atendem a norma ACEA C2 / C3 / C4 e C5.
A especificação ACEA é uma normativa europeia para veículos leves e pesados, criada pela Association des Constructeurs Européens d’Automobiles (ACEA), ou seja, a Associação dos Construtores Europeus de Automóveis. É a norma mais utilizada pelos fabricantes de veículos leves a diesel.
A letra “C” indica que o lubrificante é para veículos leves movidos a diesel, enquanto a letra “A” indica que é para motores de veículos de passeio. As letras são seguidas de números que indicam a categoria.
Diluição do óleo do motor por regeneração do filtro DPF
Seguir as recomendações do lubrificante sobre viscosidade e desempenho nunca foram tão importantes como agora nos motores Diesel com sistema de pós-tratamento, pois os lubrificantes tem que suportar a degradação causada pela regeneração do filtro DPF.
Durante a utilização normal do veículo, o gás de escape é filtrado e o ocorre deposições de fuligem nos poros do filtro. É necessária a limpeza do componente para que ele volte a ser efetivo.

Para regeneração (limpeza) do filtro DPF, é aplicada uma estratégia de software para elevar a temperatura do componente a fim de queimar a fuligem e limpar os poros do filtro. O controle da injeção passa a ser comandado em open loop (circuito aberto) ignorando valores de lambda, e com close loop (circuito fechado) na temperatura para controle da regeneração.
Com o gás de descarga aquecido devido a Pós injeção, as partículas de fuligem presas no filtro começam a queimar em reação com o oxigênio. A temperatura do DPF chega a 650 °C nesta condição.

A pós injeção utilizada na regeneração é iniciada após o pistão ter superado o ponto morto superior, em particular entre 55°e 170° após o PMS. Neste modo, o gás iniciado não participa da combustão e termina no escape. O catalisador DOC oxida este gás com uma razão esotérmica, obtendo assim o desejado ajuste de temperatura dentro do catalisador e consegue todo o ingresso de temperatura no DPF.
A pós injeção implica que uma pequena quantidade de diesel acabada na parede do cilindro, ou passando também pela face do pistão e terminando no cárter de óleo. Uma regeneração frequente pode contaminar pesadamente o óleo do motor com diesel até aumentar visivelmente o nível de óleo.

Quanto menor for o intervalo entre as regenerações, mais rápido ocorrerá a degradação do óleo lubrificante.
Isso é muito comum em veículos que percorrem trajetos curtos, extra-urbanos em condições chamadas door-to-door (porta em porta), condições que provocam uma saturação mais rápida do filtro DPF e que reduzem o intervalo entre as regenerações.
Veículos que rodam em condições mais de trafego rodoviário, o intervalo entre as regenerações aumenta, diminuindo a degradação do óleo.
Para proteger o motor deste fenômeno, todas as aplicações com regeneração ativa são fornecidas por um algoritmo que estimula a contaminação do óleo e indica se o usuário precisa alterar antecipadamente a troca de óleo do motor.
Aviso de degradação do óleo do motor
O período da troca de óleo lubrificante do motor é previsto no manual de uso e manutenção do veículo e esse intervalo geralmente é informado por tempo ou quilometragem.
Porém na calibração das centrais de controle do motor, existem um cálculo de degradação do óleo do motor via software, baseado em algumas principais informações como:
- Km percorrida
- Tempo de funcionamento do motor
- Número de regenerações iniciadas
- Temperatura do motor
- E outras condições previstas em calibração.
Sendo assim, devido a condições de uso severo e constantes regenerações do filtro DPF, podemos ter um aviso no painel de instrumentos para substituição do óleo do motor, mesmo antes do tempo previsto no manual de uso e manutenção do veículo.
Ao aparecer essa mensagem, indicando a substituição do óleo do motor, em alguns casos pode também gerar um código de falhas (DTC) de baixa viscosidade do óleo, como indicado na imagem abaixo:

Nesse caso, é recomendado a substituição do óleo e filtro do motor e posteriormente com o auxilio de um scanner, realizar o reset da degradação do óleo, informando para a central que o mesmo foi substituído.

Dessa forma, o contador de degradação ou vida útil do óleo retornará à condição inicial (100%), iniciando novamente a contagem e o calculo a partir daquele momento do reset.

É muito importante reforçar que, mesmo sem a mensagem de degradação do óleo ativa no painel de instrumentos, após a substituição do óleo e filtro do motor durante as revisões de rotina, deverá ser realizado o reset da troca de óleo via scanner, para retornar ao contador inicial.
Caso o mesmo não seja realizado, poderá ocorrer a mensagem no painel de instrumentos de óleo degradado, mesmo que ele tenha sido substituído, pois sem o reset o contador de degradação continua, pois a central só irá tomar ciência da substituição caso seja informada via scanner. Isso pode gerar um desconforto com o cliente que pagou pela troca e receberá uma informação de que o mesmo precisará novamente ser substituído.
Não confundir essa mensagem de óleo degradado com o aviso de revisão ou troca de óleo previsto por tempo.
No aviso de revisão o reset é feito no painel de instrumentos com scanner ou via menu de configurações, já o reset de aviso de degradação do óleo é realizado somente com scanner.
Problemas devido ao uso incorreto do lubrificante ou utilização do motor com óleo degradado.
O uso do óleo incorreto ou degradado devido a constantes regenerações, pode provocar fatores como aumento do nível de óleo no cárter, o que leva a provar uma carbonização excessiva do coletor de admissão, travamento da válvula EGR, travamento da borboleta de admissão (TVA), saturação precoce do filtro DPF, etc., pois ocorre um aumento nos vapores de óleo que sobem do cárter para a admissão via respiro do motor (Blow by).

Esse entupimento ou travamento da válvula EGR pode gerar códigos de falhas e acendimento de luz de avarias, limitação de potencia do motor, marcha lenta oscilando e, dependendo do nível de travamento da EGR (travada aberta) pode ocasionar até mesmo o não funcionamento do motor.
Dessa forma, será necessária a remoção e limpeza do coletor de admissão, válvula EGR, corpo de borboletas, filtro DPF, troca de óleo do motor e realizar todos os resets necessários como degradação do óleo, aprendizado da válvula EGR e corpo de borboleta e reset dos parâmetros do filtro DPF.
Para evitar esses problemas, além da utilização do óleo correto, também é recomendada a diminuição do intervalo de troca de óleo preconizado, principalmente para veículos que utilizam condições extremas (extra-urbanos), reduzindo assim a degradação e contaminação dos componentes.
Também é muito importante deixar concluir as regenerações iniciadas, pois se não forem concluídas, além de gerar um problema com a saturação do nível de fuligem, também temos uma maior e mais rápida degradação do óleo.
A contagem da degradação do óleo se dá pela quantidade de regenerações iniciadas e não por regenerações concluídas o que faz o índice de degradação crescer a cada início de regeneração, ocasionadas principalmente em trânsitos urbanos.

DTC’s relacionados a diluição / degradação do óleo.
Código P253F – O percentual de Diesel no óleo (diluição) aumentou para o valor máximo de 20%.
Esta trocando o óleo regurlarmente? O algoritmo de diluição do óleo foi redefinido após a manutenção?
No caso positivo, você deve se preocupar com o tipo de uso do veículo. Usar frequentemente o mínimo e com ciclo de condução curto frequente [es: 10 minutos] a regeneração do DPF não pode ser realizada. Caso contrário, verifique o funcionamento correto do sensor de pressão do DPF. Um sensor de pressão do DPF diferente ou com funcionamento irregular poderá gerar inicios prematuros de regeneração. Caso contrário, o problema pode ser causado por uma emissão excessiva de fuligem, provocada por falhas nos injetores, controle de emissão de componentes relevantes como EGR/TVA. Em particular, você deve prestar atenção especial ao funcionamento da TVA (borboleta da admissão), fundamental para ajustar a temperatura da regeneração. Outro componente importante é o coletor variavel (quando aplicado em veiculos diesel leves), onde em caso de mau funcionamento, a emissão de fuligem pode aumentar consideravelmente, assim como uma carbonização excessiva no coletor de admissão, provocando um fluxo menor de ar no cilindro aumentando a fumaça e fuligem.
Em caso negativo, depois de substituir o óleo e redefinir o algoritmo, efetue uma regeneração de serviço; esta é uma boa indicação sobre a capacidade real do sistema de ajuste da temperatura (os sensores são ajustados corretamente e o DOC gera a esotermia desejada).
Codigo P1D30 – Viscosidade óleo muito baixa.
O valor da viscosidade do óleo é estimado na função da frequência de regeneração do DPF. Antes de mais nada, verifique se o algoritmo de qualidade do óleo foi redefinido corretamente a cada mudança de óleo. A frequência de regeneração pode ser elevada também com base no tipo de utilização do veículo. Se o intervalo de mudança de óleo for fixado por exemplo em 20.000 km, no caso de uso bastante urbano e com curtos intervalos, pode ser considerado aceitável ter a mudança mais rica de óleo em 10.000 km.
Se o uso do veículo não for usado na situação anterior, será necessário verificar porque o modelo calculado está ativando a regeneração frequentemente. Existem casos na rede do DPF com “face plugging” da parte do material isolante que normalmente é encontrado no substrato e envelopamento, e há um problema de qualidade no aquecimento do filtro (trinca na ceramica do DPF) e para comprovar é necessária uma inspeção visual com boroscópio passando na borda do sensor de temperatura de entrada do DPF.
Uma maneira rápida de excluir esse tipo de falha e fazer uma regeneração de serviço e controlar o deltaP através do sensor de pressão do DPF ao mínimo. Os valores deve compreender entre 0 e 10hPa, se for maior que 20hPa significa que provavelmente o DPF tem problema.
Controlar o estado da linha do sensor deltaP (pressão do DPF). As mangueiras não devem apresentar marcas e/ou ressecamento.
A frequência de regeneração pode ser aumentada porque efetivamente a fumaça do motor é aumentada em função de contaminação e carbonização excessiva do coletor de admissão, sendo necessaria sua limpeza.
Vimos nesse texto que nos motores diesel mais modernos, não se trata mais de uma simples troca de oleo do motor. A forma de utilização do veiculo, o controle mais rigoroso de emissões, a qualidade do oleo e o monitoramento do filtro DPF são fundamentais para uma garantia de eficiencia e performance desses veiculos diesel leves. A má qualidade do oleo, demora na troca ou condições desfavoraveis de transito podem implicar em acendimento da luz de avaria, gravação de DTC e até estrategias de emergencia limitando o giro do motor.
Conhecer esses cuidados e processos são fundamentais para um bom atendimento ao seu cliente, evitando retrabalhos desnecessarios.
E não se esqueça de fazer o reset da troca de oleo via scanner sempre que for necessario.
Renato França
Consultor técnico e instrutor de formação profissional
Proprietário da Inovar Treinamentos Automotivos
Socio-proprietário da Inovar Centro automotivo
Belo Horizonte – MG
inovar_cursosautomotivos (instagram)